quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Love Me When I'm Gone

Não tínhamos discutido mas o ambiente entre nós estava deveras diferente. Foi a primeira vez que tal coisa aconteceu e como tal estávamos perdidos. Não sabíamos como era, como deveria ser e o que sentir.
Ficámos pouco mais de três ou quatro longos dias sem nos olhar-mos, sem trocar uma carícia ou um sussurro qualquer com repulsa que ardia na pele e uma febril cobiça de corpos.
Sem distribuir vida nem brilho, com passos pesados de pássaro agora sem asas, caminhava eu pelos corredores como um fantasma. Era tudo tão cinzento, tão negro, tão escuro. Sentia o meu mundo, cada vez que o admirava de longe, a desvanecer. Tudo desaparecia e a minha cabeça enchia-se de tal maneira de sentimentos que os meus olhos quase cegavam de lágrimas. Já com ele não era bem assim. Não sabia o que sentia, se indiferença ou algum certo golpe de dor. Imaginava mil e uma vezes como seria se ele tivesse feito as coisas como eu desejaria que fossem feitas, de como feliz me poderia fazer com apenas um abraço mudo.
As noites eram sem dúvidas as mais difíceis, quando o mundo inteiro se colocava em silêncio e eu apenas podia ouvir o choro do meu coração a implorar para que tudo ficasse bem. 
E realmente ficou, não da maneira que queria mas da maneira como deveria ser. Foi assim que todas as paredes de afastamento ruíram para dar espaço ao silêncio e aos pensamentos que vagueavam soltos, livres.

sábado, 22 de outubro de 2011

Perdida no Tempo

Via-o como algo intocável e desconhecido. 
As minhas unhas arranhavam suavemente os seus braços enquanto ele ajeitava desordenadamente o seu cabelo em frente ao espelho. Observava atentamente cada movimento do seu corpo sem tirar especial atenção dos seus olhos. Estes conseguiam decifrar cada palavra, cada sentimento e cada lágrima que não caía do meu rosto.

Ele desviou os seus olhos do espelho mas, desta vez, ao encontro dos meus e segurou na minha mão. Saímos daquela divisão quase a correr e fomos em direcção à porta de entrada. As nossas mãos separaram-se assim como nós e um último beijo serviu de despedida. Vi-o partir de mala às costas em direcção ao carro e deixar para trás tudo aquilo que tinha conquistado. O meu rosto desfez-se em lágrimas e corri para dentro, trancando a porta atrás de mim.

"I like him, he likes her."

sábado, 23 de julho de 2011

Liga-me Hoje à Noite

Prometi nunca mais escrever até o conseguir esquecer.

Encontrei-o esquecido no parapeito da janela do meu quarto. Deitei-me na cama, acendi o candeeiro e recostei-me sobre as duas almofadas que me apoiavam a cabeça. Abri o caderno e folheei-o como se estivesse a apreciar um álbum de fotografias antigo. Reparei nas palavras gravadas naquelas folhas de papel manchadas de lágrimas e sentimentos que me mantiveram afastada durante tanto tempo. Eram palavras pesadas, tristes, capazes de se transformarem em autênticas memórias vivas na minha cabeça.
Afastei-me de tudo aquilo que me tornava mais fraca e abri o caderno numa página vazia.
Pensei em ti e imaginei como as coisas poderiam ter sido se te tivesses preocupado um pouco mais comigo. Não estaria a escrever neste momento para ti, e muito menos para alguém. Não te daria permissão para entrares na minha mente o tempo inteiro e não te daria o meu coração para que o levasses e o usasses.
Sinto que te estou a perder apesar de saberes bem que nunca me perderias.
Perguntei se ficavas e disseste que sim mas a única coisa com que fiquei foi com a palavra "último" em "último beijo", "último sorriso" e em "último abraço".
Acordei daquele oceano de memórias quase sem fim e deparei-me com apenas uma palavra escrita no inicio da primeira linha da folha. Pronunciei um "amo-te" mudo, peguei na borracha, apaguei o que tinha escrito e fechei o caderno.
"Eu vou ser feliz, mas antes a vida vai ensinar-me a ser forte."

terça-feira, 14 de junho de 2011

Parte de mim

Lembro-me perfeitamente daquela noite como se tivesse sido ontem.
Estacionou o carro à porta da minha casa e bateu à porta. Abri-a com um simples gesto de rotação do meu pulso e quando olhei para ele estava a sorrir. Olhou para mim de alto a baixo e desta vez invés de um sorriso a rasgar-lhe o rosto soltou uma gargalhada.
- Que fazes aqui? - perguntei eu quase sem voz.
- Quero-te mostrar uma coisa. Veste-te num instante enquanto te espero no carro.
Acenei com a cabeça e subi rapidamente as escadas. Entrei no meu quarto e dirigi-me ao roupeiro para escolher algumas peças de roupa. Virei-me com delicadeza e deparei-me com a minha imagem reflectida no espelho do roupeiro. Ali estava eu, com uma saia pendurada no meu braço esquerdo, um vestido no braço direito e um largo sorriso que me iluminava o rosto. Para dizer a verdade, nunca me tinha apercebido de como ficava com uma expressão estranha quando ele olhava para mim, quando me levava a casa e quando me segurava a mão. A minha cara ardia e o meu coração batia cada vez mais forte quando ele dizia a palavra mágica.
Escolhi o vestido e umas sandálias, desci as escadas e tranquei a porta. Entrei no carro e ele abordou-me com aquelas palavras meigas que lhe saíam do coração e atingiam o meio sem pedir.
- Hoje vou levar-te a um lugar muito especial.
Andámos cerca de doze minutos por entre árvores sombrias que enfeitavam o caminho até chegarmos a um miradouro. Ele parou o carro e foi à mala buscar uma espécie de toalha. Abriu-me a porta, estendeu a toalha no chão e disse:
- Senta-te.
Eu caminhei até ao local e sentei-me junto a ele. Abracei-o e encostei a minha cabeça no seu ombro. Ele ergueu o seu braço gentilmente e apontou para uma estrela.
- Estás a ver aquela estrela? O céu está repleto delas mas há sempre uma que se destaca das outras pelo seu brilho. Tu foste capaz de me perdoar quando mereci castigo e de me erguer quando não tive forças para me levantar. Estiveste comigo nos bons e nos maus momentos e fizeste com que me tornasse na pessoa que sou hoje. Não és só minha namorada, és a minha melhor amiga e quero ter-te sempre aqui, junto a mim.
Os meus olhos cobriram-se de lágrimas e um abraço uniu-nos como por magnetismo. Sentia que lhe pertencia. Sentia, pela primeira vez na minha vida, que talvez um dia partilhasse o meu futuro com aquele rapaz de dezassete anos e com cabelo negro desalinhado. Sentia que metade de mim tivera sido tirada e dada a ele, sentia que...nunca mais o poderia esquecer.
E nunca mais o consegui esquecer. 

Vivi trinta anos a aprender a pertencer a outra pessoa enquanto que a restante parte de mim aparentava ter morrido em combate.
Perdi tudo aquilo que tinha e tudo aquilo para que vivia. Perdi o tempo e perdi tempo, perdi-o e desvaneci no tempo. Tudo o que resta agora são memórias que a vida carregou e que o vento levou, resta a estrela mais brilhante que o céu deixou.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Letter from the sky

Perdi-me neste presente tão incerto quando o tempo chamou por mim e pediu o meu auxilio.

Um rasto de lembranças persiste em invadir tudo o que se entende por saudade e por ti.
Percebo agora que é tarde demais para voltar a tentar. Talvez desistir seja a escolha mais acertada mas apesar de tudo o que aconteceu e do tempo que nos diferenciou não posso fazê-lo pois não consigo esquecer-te e ignorar o que sinto por ti.
Deixei-te partir e agora sei que nunca mais vais voltar, tudo isto graças ao facto de o meu coração não ter falado por si.
Só gostava que me prometesses uma coisa...
Promete-me que um dia irás ficar comigo para sempre...
                                                                                                                                       always yours<3

domingo, 13 de março de 2011

Book of Lies

Olhei para ele como se fosse um corpo já sem vida.
Estava farta. Farta de esperar e de fazer esperar.
A minha impaciência apoderara-se incontrolavelmente de mim e, naquele instante, palavras frias e fracas saíram da minha boca:
-Afasta-te de mim...
Na verdade queria dizer: "Afasta-te mas não te vás embora."
Sonhei tão alto que a ilusão fez-se maior e finalmente acordei.
Agora que a saudade me abandonou posso dizer que a nossa história chegou à última linha da conclusão.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Affairs Of The Heart

Trocámos olhares penetrantes e os nossos corpos aproximaram-se lentamente um do outro. Os nossos lábios tocaram-se pela primeira vez e envolveram-se numa mistura de paixão.
(...)
O meu coração batia forte.
Dirigiu-se a mim, pegou na minha mão e levou-a ao seu peito. De seguida, aproximou a sua boca ao meu ouvido e disse como um suspiro da alma: "Eu amo-te".
(...)
Prometeu-me que ficaria comigo para sempre.
(...)
Sentou-se ao meu lado e disse-mo. As lágrimas escorreram-me rapidamente do meu rosto sem reacção.
Foi naquela tarde gélida de Inverno que ele seguiu um novo caminho, mas desta vez sem mim.


Ninguém é substituível, nem mesmo tu.
Tu que domaste o meu coração e o abandonaste como algo fútil, deixando-me fraca e indefesa, sem orientação alguma, apenas com recordações de momentos passados a teu lado.
Depois de tanto tentar, agora sei que nem o esquecimento é capaz de apagar as memórias que ficaram de ti, apenas rasurá-las.